De 2000 a 2003 oito casos de intoxicação por Crotalaria retusa L. foram observados em eqüinos em 8 fazendas na região semi-árida da Paraíba e do Ceará. C. retusa foi encontrada no pasto em todas as propriedades. Os principais sinais clínicos foram característicos de encefalopatia hepática, com apatia ou hiperexcitabilidade, pressão da cabeça, andar compulsivo ou em círculo e, ocasionalmente, galope descontrolado e violento. Decréscimo nos reflexos dos nervos craniais, ataxia e fraqueza foram também observados. Outros sinais clínicos foram anorexia, perda de peso, fotossensibilização e icterícia. O curso clínico variou de 4 a 40 dias, mas muitos cavalos tinham um histórico prévio de perda de peso. À necropsia os fígados eram duros, com superfície irregular e áreas brancas misturadas com áreas vermelho-escuras e com aumento no padrão lobular. Icterícia moderada, ascite, hidropericárdio e hidrotorax foram também observados. Edema e moderada congestão foram observadas nos pulmões. As lesões histológicas do fígado foram caracterizadas por fibrose, principalmente periportal, megalocitose e proliferação de células dos ductos biliares. Áreas multifocais de hemorragias centrolobulares ou mediozonais foram também observadas. Necrose hemorrágica centrolobular estava presente em dois eqüinos. Foram observados astrócitos Alzheimer tipo II, isolados ou em grupos principalmente no núcleo caudato e córtex em 4 eqüinos. A intoxicação foi produzida experimentalmente em 1 eqüino e 3 asininos. O eqüino adulto, recebeu diariamente, 100 g de sementes de C. retusa e morreu aos 52 dias após o início do experimento. C. retusa inteira, seca foi misturada com capim e dada a 3 asininos adultos em doses diárias de 10 g/kg, 5 g/kg e 2,5 g/kg respectivamente. O asinino tratado com 5 g/kg morreu aos 48 dias após o início do experimento e os outros dois foram sacrificados aos 120 dias. Os sinais clínicos e a patologia foram similares aos observados nos casos espontâneos, alguns astrócitos Alzheimer tipo II foram observados somente no asinino que morreu após 48 dias do inicio da ingestão. A concentração de monocrotalina na planta inteira administrada aos asininos foi 0,5%.
From 2000 to 2003 eight cases of poisoning by Crotalaria retusa L. were observed in horses on 8 farms in the semiarid region of Paraíba and Ceará. C. retusa was found in all farms. The main clinical signs were characteristic of hepatic encephalopathy, with dullness or hyperexcitability, head pressing, compulsive walking or circling and, occasionally, violent uncontrollable galloping. Decreased cranial nerve reflexes, ataxia and weakness were also observed. Other clinical signs were anorexia, weight loss, photosensitization and jaundice. The clinical manifestation period varied from 4 to 40 days, but most horses had a previous history of weight loss. At necropsy the livers were hard, with irregular surface and white areas mixed with dark red areas and increased lobular pattern. Mild jaundice, ascitis, hydropericardium and hydrothorax were also observed. Edema and moderate congestion were seen in the lungs. Histologic changes of the liver were characterized by fibrosis, mainly periportal, megalocitosis and bile duct cell proliferation. Multifocal areas of centrilobular or midzonal hemorrhages were also observed. Centrilobular hemorrhagic necrosis was present in two horses. Alzheimer type II astrocytes were observed, isolated or in groups, mainly in the caudate nucleus and cortex in 4 horses. The poisoning was experimentally produced in 1 adult horse and 3 adult donkeys. The horse received daily 100 g of C. retusa seeds and died 52 days after the beginning of the experiment. The dried whole C. retusa was mixed with grass and given to the 3 experimental donkeys at daily doses of 10g/kg, 5g/kg and 2.5g/kg, respectively. The donkey treated with 5g per kg died 48 days after beginning of the experiment and the other two were sacrificed at 120 days. Clinical signs and pathology were similar to those observed in spontaneous cases, but Alhzeimer type II astrocytes were observed only in the donkey that died 48 days after the beginning of ingestion of the plant material. The concentration of monocrotaline in the whole plant given to the donkeys was 0.5%.